sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Há uns dias escrevi "não sei se sou eu que fujo dos outros ou se são os outros que fogem de mim", hoje pergunto-me, será que sou eu que não entendo os outros, ou são os outros que não me entendem a mim? Eu julgo-me louca, mas olhando ao meu redor vejo tanta insanidade que me pergunto, sou eu que sou a louca no mundo ou os outros que enlouquecem sem mim?
Há pessoas extraordinárias, tão extraordinárias, que de tão extraordinárias acabam por se tornar ridículas, eu conheço uma ou duas assim. Há quem se julgue especial mas as suas palavras, as suas acções são contraditórias.
Houve um tempo, não muito longe, que admirava as pessoas pela originalidade da sua personalidade, conheci uma ou duas assim, mas descobri afinal que essa originalidade nada tinha de originalidade, hoje poderei chamar-lhes inseguros? Tristes? Perversos? Grosseiros? Solitários? Ou simplesmente, simplórios?
Por vezes olho uma tela e admiro-a, gosto dela, transmite calor, força, emoção, mas pouco tempo depois, decepcionadamente descubro que estou a vê-la ao contrário, irónico não é? Depois ao virá-la, que tristeza, não tem beleza nenhuma.
Sou sinuosamente linear, amo as pessoas pelo seu interior.
Há as que gostam de ser enigmáticas. São personalidades interessantes, mas não conseguem ser eternamente interessantes, são demasiadamente artificiais e mais cedo ou mais tarde revelam-se, deixam cair a máscara tornando-se demasiadamente e enjoativamente previsiveis, de tal forma que consigo saber qual o passo que irão dar a seguir.
Como tudo o que é misterioso, quando deixa de o ser, acaba por perder o interesse. Quando se trata de pessoas, se a amizade não se construiu ou consolidou é o fim, nada fica, nem tão pouco saudade.
Gosto de pastéis de nata, do mar, da liberdade, do amor, da amizade, da sedução, de brincar, de namorar, de respeitar os outros, de aprender sempre mais e mais e mais.
Amizade, o que é a amizade? Utopia? Quero acreditar que não.
Respeito pelos outros? Utopia? Quero acreditar que não.
Aprender eu aprendo, certezas? Não as tenho, ninguém as tem, mas há um limite para se conseguir tolerar gente megalómana, ou que se apresenta como tal, e o meu limite aproxima-se vertiginosamente do fim. Estarei a ver o filme ao contrário? Não sei, não quero saber, não sou especial, nunca o quis ser, quero apenas que me tratem como uma pessoa absolutamente normal, mesmo que o não seja. Mas afinal não há pessoas normais, nem espíritos especiais, há apenas pessoas.

"Pensamentos soltos" 26 de Dezembro de 2008

"Em todas as ruas te encontro, em todas as ruas te perco"
Mário Cesariny"

2 comentários:

Maria de Fatima Mourão disse...

As pessoas nem sempre são aquilo que julgamos, temos de aprender a viver com isso mas a amizade, existe e preciso saber preservar ,aquilo que realmente é verdadeiro.
Não há pessoas normais porque se houvesse não existia defeitos e é o que mais existe no ser humano.
Cada qual com a sua maneira de ser e com o seu feitio.
Mas todos nós na nossa vida temos pessoas especiais aquelas que amamos.
Agora a perfeição não existe em ninguem mas todos gostamos de ser tratados como pessoas normais mas nunca a chegamos a ser completamente
Fatinha

Anónimo disse...

Eu não quero ser tratada como uma pessoa normal, quero apenas ser tratada como a pessoa que sou, sou mt diferente eu sei, uma Outsider como costumo dizer, felizmente que há outros como eu, e felizmente também que tu és uma das poucas que me sabem compreender, minha amiga Fatinha.