sábado, 6 de dezembro de 2008

Afinal quem somos ou o que somos. Onde está o nosso livre arbítrio?



Tenho saudades de quando eu era eu, de quando nem o Sol, nem a Lua, nem o mundo me paravam, de quando conseguia remar contra uma maré que me insistia em levar para longe de mim. Lutei, soltei amarras, mas as amarras que soltei originaram outras amarras mais fortes ainda, embora mais subtis, resisti, resignei-me, sobrevivi, de novo lutei, contra outro mar, ou talvez o mesmo que me insistia em arrastar para um lugar que não é o meu. De novo soltei amarras de novo me prendi, ou perdi, de novo as amarras que soltei me levaram a outras ainda mais fortes, a outras que ainda mais me prendiam e, muito mais do que remar contra a maré, tenho que lutar para me manter à tona. Uma luta que me destrói, que me desgasta. Afinal é tão simples, basta que me deixem, não à deriva, pois eu sei muito bem qual o meu rumo, mas pelo menos que deixem segui-lo. Não sou louca, sou depressiva, alguém disse, talvez depressiva nem seja o termos mais correcto, eu sou apenas, Apenas, desajustada. Desajustada de uma sociedade falsamente, hipocritamente, cinicamente amoral que insiste em rotular as pessoas, que insiste em acorrentá-las, quando essa mesma sociedade não exige o mesmo de si.
Inversão de valores, traumas, medos, ilusões, desilusões, inseguranças, que sei eu? Só sei que eu queria que me deixassem ser quem sou. Como posso mostrar o que valho se não posso ser eu? Se é que eu preciso de provar, ou mostrar seja o que for. Quem me ama, que me ama pelo que sou e não pelo que querem que eu seja. Estou cansada, não me reconheço, ou talvez me reconheça pelo facto de não me ter deixado subjugar por completo. O tempo o dirá, o tempo e a nossa capacidade de amar. Sei que tudo tem um limite, tudo, até o amor. Não devíamos sofrer por amor, mas a verdade é que a maior das nossas dores seja mesmo a que nos é causada pelo amor.
Lucidez? Tento tê-la. Fidelidade aos meus princípios? Tento mantê-la. Por vezes é difícil e mais vale abdicarmos de certos valores, mas pelo menos conseguirmos continuar a viver a insanidade que esta sociedade, ou vida, nos obriga.

"Pensamentos Soltos" Maria Madalena

2 comentários:

Anónimo disse...

quando gostamos de alguém, recebemos em nós as imperfeições que nós mesmos temos, e por vezes não reconhecemos... por isso, rótulos dispensam-se...
o mundo funciona muito melhor quando há diversidade e inter-culturalidade...
haja bem estar na forma de todos vivermos e de aceitar todos os graus de cinza, todos os tons de todas as cores...
beijinhos
isabel

Maria de Fatima Mourão disse...

texto lindo...fiquei sem palavras
Fatinha