quinta-feira, 22 de janeiro de 2009


Bom dia

Hoje pela manhãzinha
A minha voz interior perguntou-me:

-Então dormiste bem?

E eu respondi:

- Sim, na dor da minha insónia,
Sonhei que tinha dormido
Toda a noite calmamente.

Depois ao pequeno-almoço,
Bebi uma chávena de lágrimas amargas,
E comi torrada a minha dor
Barrada com bastante angústia.

Saí de casa num movimento mecânico,
Entrei no carro, como se entrasse num caixão.

Entrei numa estrada de mortos-vivos,
Zombies como eu, neste abismo.

Depois
morri,
matei-me,
mataram-me
Durante todo o dia.

Voltei a entrar no caixão,
A cruzar-me com motos vivos,
A sair do caixão,
A entrar no poço,
A beber mais lágrimas,
A comer a minha tristeza
Refogada com bastante cebola e azeite,
Acompanhada com desalento salteado.
Tudo me soube a sangue e a fel.

Por fim, deitei-me na cama
Para voltar a sonhar que dormia.

Boa noite!

Maria de Madalena, 4 de Abril de 2008

3 comentários:

Margarida Piloto Garcia disse...

Mana Madalena, gostei imenso deste teu poema que não conhecia.Muito interessante a junção com o vulgo do quotidiano, mas preocupante a mágoa espelhada.

Maria de Fatima Mourão disse...

Há dias assim,gostei do poema.
Fatinha

Susana Garcia Ferreira disse...

Gostei titi,desses sonhos no final mas também é um poema com alguma tristeza e com algumas imagens fortes.
titi já agora,como meteste esse tradutor na tua página?eu não consigo.
beijinhos grandes