quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Eu não conto


Sinto no ar que respiro
O teu cheiro, e queria
Perder-me contigo
Num denso nevoeiro
Mais uma vez.
O vento uivante
Na noite negra não me deixa ler
A tua voz.
Sumida nesta barcaça de fundo roto
Que lentamente se afunda
Permaneço à deriva, e não oiço
O teu abraço.
As folhas das árvores
Batem como pesadas ramos
Na vidraça do meu corpo, e não sinto
A força do teu olhar.
A pesada chuva que cai junta-se
Numa multidão de gotas
A meus pés, e não abraço
O teu calor.
Aves volteiam entontecidas
Pela tormenta em que me encontro.
E neste instante tão breve e tão longo,
Eu não me encontro
Nem te encontro,
Nem te conto,
Nem me conto,
Nem quero mesmo contar

Nem tão-pouco te encontrar.


Maria Madalena, 5 de Fevereiro de 2009

2 comentários:

Misterioso disse...

Lindo adorei como encaixou as palavras...

Maria de Fatima Mourão disse...

adorei,muito lindo,cheio de bonitas palavras e de sentimento
Fatinha