sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Morte lenta...

Não temo a morte,
Tão pouco a desejo,
Tantos encontros furtivos
Com a dama de negro,
Aqui e ali ao longo da vida,
Ela com o seu doce chamamento,
E eu a fazer-me desentendido,
Umas vezes lívido de susto,
Outras esperando-a num breve instante,
Como se os segundos fossem uma eternidade,
Mas de todas as vezes,
Um anjo,
Será que foi?
Será que ele um dia se cansa?
Será que o acaso me protege
Enquanto eu ando distraído?
Eu a fazer-lhe fintas,
E outros entregando-se-lhe lentamente,
Sombras, fantasmas do que outrora foram,
Vejo esqueletos andantes,
Faces cadavéricas, amigos de outrora,
Duma infância que foi ontem,
Estradas brancas de granizo,
Picos e serras de branco vestidas,
De granizo, que neve nas Ilhas de Bruma,
Só mesmo nos Picos da Atlântida,
E assim lentamente, à morte
Se vão entregando,
Maldita droga.
Ai meu velho amigo se a tua mãe te visse,
Matá-la-ias novamente de desgosto,
Dia após dia…
Ai meu velho amigo de tarde de Inverno
Voando papagaios em dia de tempestade.
Das nossas mãos saíam protótipos
De aeronáutica infantil,
Resistindo ao vento à custa de lastro na cauda,
Subiam vertiginosamente,
Com a mesma velocidade com que te vejo
Caminhar para os braços da morte.
Olho para ti e pergunto-me
Se ainda vais a tempo de te libertar
Das garras da droga, da morte,
Ou se no teu corpo em vez de sangue
Te corre cocaína…

9 Maio 2008

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