quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Simples como o vento que passa


XIV (Guardador de rebanhos)

Não me importo com as rimas. Raras vezes
Há duas árvores iguais, uma ao lado da outra,
Penso e escrevo como as flores têm cor
Mas com menos perfeição no meu modo de exprimir-me
Porque me falta a simplicidade divina
De ser todo só o meu exterior.
Olho e comovo-me,
Comovo-me como a água corre quando o chão é inclinado,
E a minha poesia é natural como o levantar-se vento...

Alberto Caeiro (Mestre Caeiro)

Foto: Lagoa Azul (Maria Madalena)

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