segunda-feira, 29 de dezembro de 2008
As tuas palavras
Esta manhã cai uma chuva mansa
devagarinho
entranha-se na terra
quase imperceptivelmente.
Inunda-a da seiva que lhe dá a vida,
por ela,
na primavera,
uma multiplicidade
de cores,
de flores,
de plantas,
de frutos
desponta.
Amadurecerá no verão,
E no outono deliciar-nos-á
com uma explosão de cores.
De novo, no inverno
a mesma chuva irá bater de mansinho
no vidro da minha janela.
Como a chuva que mansamente vai caindo,
assim lentamente as tuas palavras
se vão entranhando em mim
inundando o meu coração
envolvendo-me
numa uma doce paz
tecendo à minha volta uma teia
de um delicado amor extasiante.
As tuas palavras...
preciso delas
tanto como a terra,
da chuva mansa.
Sem elas,
torno-me
árida,
morro
e a semente que vive em mim
nunca florescerá.
Maria Madalena, 29 de Dezembro de 2008
domingo, 28 de dezembro de 2008
Dentro de alguns dias
… dentro de alguns dias…
De repente, num instante fugaz, os fogos de artifício anunciam que o ano novo está presente e o ano velho ficou para trás.
De repente, num instante fugaz, as taças de champanhe se cruzam e o vinho francês borbulhante anuncia que o ano velho se foi e ano novo chegou.
De repente, os olhos se cruzam, as mãos se entrelaçam e os seres humanos, num abraço caloroso, num só pensamento, exprimem um só desejo e uma só aspiração: PAZ E AMOR.
De repente, não importa a nação, não importa a língua, não importa a cor, não importa a origem, porque todos são humanos e descendentes de um só Pai, os homens lembram-se apenas de um só verbo: AMAR.
De repente, sem mágoa, sem rancor, sem ódio, os homens cantam uma só canção, um só hino, o hino da liberdade.
De repente, os homens esquecem o passado, lembram-se do futuro bem-aventurado, de como é bom viver…
De repente o Novo Ano vai chegar a esta estação da nossa vida e, se não puderes ser o maquinista, sê o seu mais divertido passageiro. Procura um lugar próximo à janela desfruta cada uma das paisagens que o tempo te oferecer com o prazer de quem realiza a viagem pela primeira vez.
Não te assustes com os abismos, nem com as curvas que não te deixem ver os caminhos que estão por vir. Procura desfrutar a viagem da Vida, observando cada arbusto, cada ribeiro, as cores da natureza que vão deslizando através tua janela. Desdobra o mapa e planeia a tua rota.
Presta atenção em cada paragem e fica atento ao apito da partida.
E quando decidires descer na estação onde a esperança te acenou não hesites. Desembarca nela os teus sonhos... Desejo que a tua viagem pelos dias do próximo ano, sejam TODA FEITA EM PRIMEIRA CLASSE.
E sempre que a tristeza, a decepção, o pessimismo, o desânimo, te invada o coração e a alma, não esqueças a história das…
“Quatro Velas”
Quatro velas estavam queimando calmamente, o ambiente estava tão silencioso que se podia ouvir o diálogo que travavam:
A primeira vela disse:
- Eu sou a Paz!
Apesar de minha luz, as pessoas não conseguem manter-me, acho que vou apagar-me. E diminuindo devagarinho, apagou-se totalmente.
A segunda vela disse:
- Eu chamo-me Fé! Infelizmente sou desnecessária.
As pessoas não querem saber de mim. Não faz sentido continuar queimando.
Quando terminou o que tinha a dizer, um vento levemente bateu sobre ela apagando-a
- Eu sou o Amor! Não tenho mais forças para continuar.
As pessoas deixam-me de lado, só conseguem olhar para si próprias, esquecem-se até daqueles à sua volta que as amam. E sem esperar apagou-se.
De repente... Entrou uma criança e viu as três velas apagadas.
- Que é isto? Vocês deviam arder e ficar sempre acesas, dizendo isso começou a chorar.
Então foi a vez da quarta vela falar:
- Não tenhas medo criança.
Enquanto eu estiver acesa, podemos atear as outras velas.
Eu sou a Esperança.
A criança com os olhos brilhantes, pegou na vela que restava e acendeu todas as outras...
ESPERO QUE A VELA DA ESPERANÇA NUNCA SE APAGUE DENTRO CADA UM DE VOCÊS.
Por isso para cada um dos meus queridos amigos eu desejo com muito amor e carinho que tenham um Maravilhoso Ano Novo.
Obrigada por cada momento que, com todo o carinho, me ofereceram neste ano que terminou.
Maria Madalena, 28 de Dezembro de 2008
Um poema
São trilhos, sulcos, na terra lavrada,
Sementes lançadas em terreno fértil,
O da nossa imaginação.
Terra lavrada por arado puxado por juntas de bois,
Ou tractor arfando pela terra seca e barrenta.
Um poema vem dum momento de tristeza,
Ou duma gargalhada que ecoa pelos vales do teu corpo.
Um poema é um bouquet de rosas,
Vermelhas, amarelas e brancas,
Com perfume de junquilhos,
Com o sabor salgado do mar,
E as cores dum pôr-do-sol,
Bem lá no alto,
Ou as dum arco-íris
Em dia de tempestade.
É o choro de vida duma criança,
Olhos abertos para a vida,
Gatinhando e caminhando pelo mundo,
Sulcando o seu próprio terreno,
A Vida que nós gerámos,
Um poema que trazes dentro de ti,
O nosso mais belo poema,
Prosa no teu ventre.
6 Julho 2004
Ano Novo
sábado, 27 de dezembro de 2008
Puff the magic dragon
... e a versão animada...
sexta-feira, 26 de dezembro de 2008
"Pensamentos soltos" 26 de Dezembro de 2008
"Em todas as ruas te encontro, em todas as ruas te perco" Mário Cesariny"
Os ombros suportam o mundo
Joni Mitchell
Uma versão dos idos anos 70
Sonho ou realidade, qual escolher?
É triste ir pela vida como quem
regressa e entrar humildemente por engano pela morte dentro
Ruy Belo
"Na generalidade
Na generalidade, é claro, [as pessoas] representam o papel que a sociedade espera delas: casam, trabalham, têm filhos, fundam um lar, votam, tentam mostrar-se perfeitas e respeitar as leis. Mas cada uma delas - homems, mulheres, crianças - possui uma vida secreta da qual raramente falam e que quase nunca chegam a revelar. E esta vida secreta, para cada um de nós, encontra-se povoada de fantasias ardentes, necessidades incríveis e desejos sufocantes Que não são vergonhosos em si, mas que nos ensinaram a considerar como tal..."
Sanders
Acrescento eu, todos temos os nossos jardins proibidos nos quais apenas nós entramos, e nesses jardins sentimos um prazer sublime, é tão bom sentir assim...
Não me envergonho dos meus desejos sufocantes, nem das fantasias ardentes, gosto delas e desde pequena que as alimento, dão-me prazer. Porque haveria de sentir vergonha? Quando os não posso viver na realidade vivo-os na escrita, na minha e na dos outros. Não vai ser esta sociedade hipócrita que me vai dizer, ou ensinar de que hei-de ter vergonha, isso sou eu quem decide. Vergonha? Vergonha tenho eu de fazer parte desta humanidade podre.
Porque é que este sonho absurdo
Porque é que este sonho absurdo
a que chamam realidade
não me obedece como os outros
que trago na cabeça?
Eis a grande raiva!
Misturem-na com rosas
e chamem-lhe vida.
José Gomes Ferreira
quarta-feira, 24 de dezembro de 2008
FELIZ NATAL
A minha amiga Fatinha perguntou-me que prenda queria eu para este Natal, a única prenda que eu queria receber este Natal, era perceber o porquê de tudo o que não entendo. E o que não entendo? O que é o Ódio, a Inveja, a Vingança e o Ciúme. Se não existissem estes sentimentos...
... What A Wonderful World…
FELIZ NATAL
terça-feira, 23 de dezembro de 2008
Grandes poetas
A Maçã
domingo, 21 de dezembro de 2008
Há dentro de nós
Num Paraíso por Inventar
Quando
Quando o meu corpo apodrecer e eu for morta
Continuará o jardim, o céu e o mar,
E como hoje igualmente hão-de bailar
As quatro estações à minha porta.
Outros em Abril passarão no pomar
Em que eu tantas vezes passei,
Haverá longos poentes sobre o mar,
Outros amarão as coisas que eu amei.
Será o mesmo brilho, a mesma festa,
Será o mesmo jardim à minha porta,
E os cabelos doirados da floresta,
Como se eu não estivesse morta.
Sophia de Mello Breyner Andresen
Terror de te amar
Mal de te amar neste lugar de imperfeição
Onde tudo nos quebra e emudece
Onde tudo nos mente e nos separa.
Sophia de Mello Breyner Andresen
Gosto de ti
Já pensei dar-te uma flor, com um bilhete, mas não sei o que escrever,
sinto as pernas a termer quando sorris para mim,
quando deixo de te ver...
Vem jogar comigo um jogo, eu por ti e tu por mim.
Fecha os olhos e adivinha, quanto é que eu gosto de ti.
Gosto de ti desde aqui até à lua,
Gosto de ti, desde a Lua até aqui.
Gosto de ti, simplesmente porque gosto, e é tão bom viver assim...
Ando a ver se me decido, como te vou dizer, como te hei-de contar,
até já fiz um avião com um papel azul,
mas voou da minha mão...
Vem jogar comigo um jogo, eu por ti e tu por mim.
Fecha os olhos e adivinha, quanto é que eu gosto de ti.
Gosto de ti desde aqui até à lua,
Gosto de ti, desde a Lua até aqui.
Gosto de ti, simplesmente porque gosto, e é tão bom viver assim...
Quantas vezes parei à tua porta,
quantas vezes nem olhaste para mim,
quantas vezes eu pedi que adivinhsses,
o quanto eu gosto de ti.
Gosto de ti desde aqui até à lua,
Gosto de ti, desde a Lua até aqui.
Gosto de ti, simplesmente porque gosto, e é tão bom viver assim..."
André Sardet
sábado, 20 de dezembro de 2008
Fénix
No cinzento dos teus olhos
sexta-feira, 19 de dezembro de 2008
Estórias, como diria Jorge Amado
Digo isso mesmo à (...), e já agora ficas com o carro, a casa, o terreno comprado pouco antes, eu pago-te isso tudo e ainda lhe dava cem contos depois de pagar água, luz e telefone (este último fartei-me das contas de trinta contos por causa da Internet e para o fim deixei de pagar)...
João Fernando, 21 de Dezembro de 2002
(E por ser verdade não a devemos ignorar, nem esconder, nem fazer de conta que não existiu... as situações repetem-se como um ciclo, não é por mim, não foi por mim, foi pela tua necessidade de te libertares e de amares)
Em busca duma canção...
Casas de Sofrer
( A figura: "O Fado" de José Malhoa, convertido a preto e branco, de 1910)
(De “O Irreal Quotidiano”, José Gomes Ferreira - 2ª Ed. pp. 125/6. Lido em “Português contemporâneo, antologia e compêndio didáctico, Mendes Silva, Ed. M.E.C, 1986)
Quando nos conhecemos...
Hoje escrevo-te eu o meu, a ti meu amor de todos os dias...
o meu corpo feito mar
vai desmaiar em ondas de prazer,
do teu corpo de colina
saem espasmos,
terra tremendo de sede e desejo
da tua boca gemidos,
dos teus lábios húmidos
sequiosos da minha boca,
do meu corpo,
um implorar para que entre em ti
e tu me sintas todo dentro de ti,
dos teus lábios
que eu beijo ao de leve,
profundamente,
demoradamente,
que me beijam e arrepiam,
me fazem encolher de prazer,
desfalecer num momento
que parece não ter fim,
sinto as tuas mãos no meu corpo,
os teus dedos num toque suave de um beijo,
a saudade de não te ter aqui a meu lado,
aqui, ali,
onde quer que esteja sem ti...
João Fernando
Massamá, 19 de Dezembro 2008
quarta-feira, 17 de dezembro de 2008
Meu Alentejo, minha paz
Tem a cor do céu
E do doirado das espigas de trigo.
Do calor ardente
Das casas caiadas de branco.
Não sei que dor é esta.
Ou melhor, sei-a bem
mas não digo.
segunda-feira, 15 de dezembro de 2008
Simplesmente tua
Doce e tranquilo o som das ondas
Que suavemente
Me embala,
Cada uma que vem morrer na praia
Traz-me
Recordações de
Sonhos perdidos,
Abandonados,
Há muito esquecidos.
Pé ante pé chega a noite
Minha companheira,
Trazendo com ela uma Lua plena,
E plena me sinto eu
De amor,
Novos sonhos,
E poemas.
Chegas, e
Sem esperar cobres-me
Calmamente,
Lentamente,
Docemente
De beijos com sabor a mel e a sal.
Nesta noite
Realizas
Cada um dos meus desejos,
Mais secretos,
Mais íntimos.
Suavemente o dia nasce
Sorri-me o Sol,
Ou imagino eu que me sorri,
Pois ainda sinto em mim
Os teus lábios,
A tua pele,
O teu corpo,
Todo o amor que fizemos.
Quando estás
Não sou mais dona de mim.
Possuída por ti…
…sou simplesmente tua.
Maria Madalena e Fátima Mourão
domingo, 14 de dezembro de 2008
Amizade
Da minha amiga Paulinha, depois da sua apresentação do seu primeiro livro de Poesia, na qual estive presente com muito carinho por ser a amiga que é.
Que sorte eu tenho de ter amigos assim, e a Ana Sérgio é outro amor de colega, há mais de uma década que somos colegas na mesma escola, vidas vividas, muitas emoções, alegrias, tristezas partilhadas, por tudo isso e só por isso vale a pena viver num mundo assim.
Para a Ana Sérgio e Madalena
Minhas Amigas,
Bem-Hajas pela vossa presença tão significante ontem, na ESMA:
Esses abraços
os gestos
e as palavras
ficaram
cristalizados
na minha alma...
Há presenças assim:
do tamanho
da minha Gardunha
respiradas no silêncio
e manifestas
nos gestos espontâneos
de quem partilha
sentidos
e busca a mesma paz...
ansiosamente...
No ouvido
ainda ressoam
essas palavras,
talvez exageradas,
para quem não merece
tanto
e dá tão pouco.
Há momentos assim:
que nunca serão apagados
porque valem o tesouro
da amizade.
Um Beijo,
Dois,
Um para cada uma...
entre o abraço doce...
Paula Silva
sábado, 13 de dezembro de 2008
Eu sei, mas não devia
A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos
e a não ter outra vista que não seja as janelas ao redor.
E porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora.
E porque não olha para fora logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas.
E porque não abre as cortinas logo se acostuma acender mais cedo a luz.
E a medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.
A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora.
A tomar café correndo porque está atrasado.
A ler jornal no ônibus porque não pode perder tempo da viagem.
A comer sanduíche porque não dá pra almoçar.
A sair do trabalho porque já é noite.
A cochilar no ônibus porque está cansado.
A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.
A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra.
E aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja número para os mortos.
E aceitando os números aceita não acreditar nas negociações de paz,
aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.
A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir.
A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta.
A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.
A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita.
A lutar para ganhar o dinheiro com que pagar.
E a ganhar menos do que precisa.
E a fazer filas para pagar.
E a pagar mais do que as coisas valem.
E a saber que cada vez pagará mais.
E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas que se cobra.
A gente se acostuma a andar na rua e a ver cartazes.
A abrir as revistas e a ver anúncios.
A ligar a televisão e a ver comerciais.
A ir ao cinema e engolir publicidade.
A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.
A gente se acostuma à poluição.
As salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro.
A luz artificial de ligeiro tremor.
Ao choque que os olhos levam na luz natural.
Às bactérias da água potável.
A contaminação da água do mar.
A lenta morte dos rios.
Se acostuma a não ouvir o passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães,
a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.
A gente se acostuma a coisas demais para não sofrer.
Em doses pequenas, tentando não perceber, vai se afastando uma dor aqui,
um ressentimento ali, uma revolta acolá.
Se o cinema está cheio a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço.
Se a praia está contaminada a gente só molha os pés e sua no resto do corpo.
Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana.
E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo
e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.
A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele.
Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se
da faca e da baioneta, para poupar o peito.
A gente se acostuma para poupar a vida que aos poucos se gasta e, que gasta,
de tanto acostumar, se perde de si mesma.
quinta-feira, 11 de dezembro de 2008
Eu não sei o que é que me deu
Escorre-me da boca o beijo
Que esta noite não te dou
Cai-me das mãos a carícia
Que esta noite te não faço.
A minha pele chama pela tua
Os meus lábios esperam os teus
Num beijo,
Num beijo que se entrelaça
Que vai descendo pelo ombro,
Pelo braço
Até à palma da tua mão.
Num beijo que recomeça
Na tua nuca
Que lentamente percorre
O teu corpo
Até te entontecer de desejo
Até gemeres de prazer.
Esta noite
Estou só,
Mas só
Esta noite.
Maria Madalena, 11 de Dezembro de 2008
Escrevo para Ti
Quereres-me? Tal como um cego quer a luz e não a tendo, resta-lhe sonhar com ela, que imagem terá, na sua mente, essa luz? Terá exactamente a forma que ele mais desejar. Terei eu a forma que tu mais desejas? Terás tu a forma que eu mais desejo? Imagino-te então sem forma, apenas tinta em papel branco.
Bonitas palavras, todas juntas compõem belas frases, todas juntas poderiam ser pequenos hinos ao desejo, à paixão, poderiam, mas não são, são apenas um lindo texto, lindo, mas vazio, oco.
Podemos escrever odes ao desejo, à paixão, ao amor, porque realmente o sentimos, podemos até escrever odes à Mulher, porque lhe conhecemos a sua essência, mas não conseguiremos escrever com conteúdo algo a quem não conhecemos, nem tão pouco procuramos, ou nos interessa conhecer.
Eu faço amor com as palavras e o resultado desse amor, ofereço-o a quem amo, à minha paixão, ou simplesmente a quem desejo, mas ofereço-o a alguém que é mais do que uma simples tinta no papel, ou palavras num ecrã.
Quando leio um belo poema ou um belo texto de amor, faço-o meu, deixa de ser de quem o escreveu e passa a ser meu, meu e da minha realidade ou do meu imaginário que é construído pelos meus desejos, ambições, paixões concretas ou secretas.
Não me escondo por detrás de belas palavras, de belos textos, desprovidos de contexto. Revelo-me e sou autêntica, porque eu sou alguém que existe realmente, sou alguém que SOU. Jogos de palavras, lindas declarações de amor, deixam de fazer sentido quando não lhe damos o seu real sentido, um contexto.
Poderíamos ficar aqui eternamente neste sensual jogo de palavras, mas acredita, a partir de certa altura nem evocando todos os deuses gregos, romanos, egípcios, todos os deuses da Terra, eu consigo escrever algo com conteúdo. As minhas palavras não fazem eco em ti, apenas as absorves, as ignoras e o que me devolves é algo que nem é meu nem teu.
Sou uma mulher que gosta de viver as emoções a fundo, tirar delas tudo o que me possam dar, não consigo viver sem amor, sem paixão. Sou uma eterna apaixonada, sou feliz, sinto um amor pleno, sou amada, sei aquilo que quero, sou tenaz e não desperdiço o meu tempo em causas perdidas. Quando quero ler uma bela declaração de amor, leio O’ Neill, Neruda, Florbela Espanca, Eugénio de Andrade, Jorge Amado, Vinicius de Moraes, Gabriel Garcia Marquez, enfim uma infindável lista de escritores e poetas.
Não faço amor com as teclas de um PC, nem com as belas frases que aparecem no ecrã desse PC.
Eu contei-te quem era, revelei-me, tu continuaste a esconder-te atrás das palavras. Eu não preciso de te imaginar, de fazer de ti aquilo que mais desejo, eu já TE tenho bem presente a meu lado, fazes amor comigo, acordas ao meu lado todas as manhãs, cuidas de mim, amas-me, tal como eu TE amo, como eu cuido de ti, como te desejo com todas as forças do meu ser. Os nossos corpos suados, na realidade encontram-se na noite, durante o dia, na nossa cama, algures no alto dos Montes da Lua, numa clareira em Monserrate, ou num pequeno bosque numa daquelas ilhas achadas a que deram o nome de uma ave. É aí que as nossas bocas se encontram, que as nossas línguas se tocam, que os nossos gemidos se entrelaçam, que os nossos corpos entram numa doce convulsão, para depois terminar num beijo doce, num abraço em forma de concha que me envolve de alto abaixo. Se TE posso ter desta forma, para quê perder tempo com palavras vazias? Gosto muito mais de escrever poemas de amor que ofereço a quem os quiser para que os tornem seus e sentirem as emoções que lhes possam transmitir.
Não sei moldar as palavras, mas sei muito bem exprimir o que me vai, no coração.
"Pensamentos Soltos" Maria Madalena, escrito no dia 19 de Dezembro de um ano por inventar ou talvez já inventado.
Domingo à Tarde
Há homens que acariciam o clitóris das esposas
Com dedos molhados de saliva
O mesmo dedo com que todos os dias
Contam dinheiro papéis documentos
Folheiam revistas, livros e jornais
E acariciam o clitóris das suas amantes…
Domingo à tarde
Há homens que penetram as suas esposas
Com tédio e pénis
Mecânico
O mesmo com que todos os dias
Enfiam o carro na garagem
Metem a mão ao bolso
Penetram as suas amantes…
Domingo à tarde
Há homens que dizem às suas esposas
Que as querem que as amam que as desejam
Das mesma forma com que todos os dias
Pedem o café o jornal um maço de cigarros
E dizem às suas amantes que as querem que as amam que as desejam…
Domingo à tarde
Há homens que depois do sexo dormem
Enquanto as mulheres na penumbra
Encaram o seu destino
Mas morrem de tristeza
Lembrando os seus sonhos
As amantes dos seus homens
O amor que sempre desejaram
E sonham com um príncipe encantado…
Domingo à tarde
Há dias assim
Domingo à tarde
Há vidas assim!
Súplica
Pensamentos
"Às vezes, parece que a vida não é mais do que um teste para nossa paciência e resistência. Há dias em que a alegria já acorda em nossa companhia; e há dias em que levantamos sem ânimo, sem mesmo saber para quê, pois até a esperança de felicidade parece extinguir-se. O cansaço e a desesperança atacam a todos, sem excepção; e há os que sucumbem e se rendem à vida, abandonando a luta e aceitando a derrota. Que tu não sejas um destes e acordes, hoje, como um bravo; alguém a quem a vida, muitas vezes, não oferece nada, nem mesmo a esperança - mas que, mesmo assim, cerra os dentes, levanta, reage e luta!Que acordes como um valente, de quem o destino pode tirar os sentidos e a respiração, mas não pode tirar a coragem. Pois, se a vida nos testa, mostremos a ela que nosso corpo pode ser frágil, mas que nossa alma é de aço.E que a espinha de um bravo verga, mas não quebra!"
quarta-feira, 10 de dezembro de 2008
Viver sempre também cansa
O sol é sempre o mesmo e o céu azul
ora é azul, nitidamente azul,
ora é cinza, negro, quase verde...
Mas nunca tem a cor inesperada.
O Mundo não se modifica.
As árvores dão flores,
folhas, frutos e pássaros
como máquinas verdes.
As paisagens também não se transformam.
Não cai neve vermelha,
não há flores que voem,
a lua não tem olhos
e ninguém vai pintar olhos à lua.
Tudo é igual, mecânico e exacto.
Ainda por cima os homens são os homens.
Soluçam, bebem, riem e digerem
sem imaginação.
E há bairros miseráveis, sempre os mesmos,
discursos de Mussolini,
guerras, orgulhos em transe,
automóveis de corrida...
E obrigam-me a viver até à Morte!
Pois não era mais humano
morrer por um bocadinho,
de vez em quando,
e recomeçar depois, achando tudo mais novo?
Ah! se eu pudesse suicidar-me por seis meses,
morrer em cima dum divã
com a cabeça sobre uma almofada,
confiante e sereno por saber
que tu velavas, meu amor do Norte.
Quando viessem perguntar por mim,
havias de dizer com teu sorriso
onde arde um coração em melodia:
"Matou-se esta manhã.
Agora não o vou ressuscitar
por uma bagatela.
"E virias depois, suavemente,
velar por mim, subtil e cuidadosa,
pé ante pé, não fosses acordar
a Morte ainda menina no meu colo..."
Devia morrer-se de outra maneira
domingo, 7 de dezembro de 2008
E porque é Natal...
Natal à beira-rio
É o braço do abeto a bater na vidraça?
E o ponteiro pequeno a caminho da meta!
Cala-te, vento velho! É o Natal que passa,
A trazer-me da água a infância ressurrecta.
Da casa onde nasci via-se perto o rio.
Tão novos os meus Pais, tão novos no passado!
E o Menino nascia a bordo de um navio
Que ficava, no cais, à noite iluminado...
Ó noite de Natal, que travo a maresia!
Depois fui não sei quem que se perdeu na terra.
E quanto mais na terra a terra me envolvia
E quanto mais na terra fazia o norte de quem erra.
Vem tu, Poesia, vem, agora conduzir-me
À beira desse cais onde Jesus nascia...
Serei dos que afinal, errando em terra firme,
Precisam de Jesus, de Mar, ou de Poesia?
David Mourão-Ferreira
Falavam-me de Amor
Quando um ramo de doze badaladas
se espalhava nos móveis e tu vinhas
solstício de mel pelas escadas
de um sentimento com nozes e com pinhas,
menino eras de lenha e crepitavas
porque do fogo o nome antigo tinhas
e em sua eternidade colocava
so que a infância pedia às andorinhas.
Depois nas folhas secas te envolvias
de trezentos e muitos lerdos dias
e eras um sol na sombra flagelado.
O fel que por nós bebes te liberta
e no manso natal que te consertas
só tu ficaste a ti acostumado.
Natália Correia
sábado, 6 de dezembro de 2008
O Menino está dormindo...
Afinal quem somos ou o que somos. Onde está o nosso livre arbítrio?
Tenho saudades de quando eu era eu, de quando nem o Sol, nem a Lua, nem o mundo me paravam, de quando conseguia remar contra uma maré que me insistia em levar para longe de mim. Lutei, soltei amarras, mas as amarras que soltei originaram outras amarras mais fortes ainda, embora mais subtis, resisti, resignei-me, sobrevivi, de novo lutei, contra outro mar, ou talvez o mesmo que me insistia em arrastar para um lugar que não é o meu. De novo soltei amarras de novo me prendi, ou perdi, de novo as amarras que soltei me levaram a outras ainda mais fortes, a outras que ainda mais me prendiam e, muito mais do que remar contra a maré, tenho que lutar para me manter à tona. Uma luta que me destrói, que me desgasta. Afinal é tão simples, basta que me deixem, não à deriva, pois eu sei muito bem qual o meu rumo, mas pelo menos que deixem segui-lo. Não sou louca, sou depressiva, alguém disse, talvez depressiva nem seja o termos mais correcto, eu sou apenas, Apenas, desajustada. Desajustada de uma sociedade falsamente, hipocritamente, cinicamente amoral que insiste em rotular as pessoas, que insiste em acorrentá-las, quando essa mesma sociedade não exige o mesmo de si.
Inversão de valores, traumas, medos, ilusões, desilusões, inseguranças, que sei eu? Só sei que eu queria que me deixassem ser quem sou. Como posso mostrar o que valho se não posso ser eu? Se é que eu preciso de provar, ou mostrar seja o que for. Quem me ama, que me ama pelo que sou e não pelo que querem que eu seja. Estou cansada, não me reconheço, ou talvez me reconheça pelo facto de não me ter deixado subjugar por completo. O tempo o dirá, o tempo e a nossa capacidade de amar. Sei que tudo tem um limite, tudo, até o amor. Não devíamos sofrer por amor, mas a verdade é que a maior das nossas dores seja mesmo a que nos é causada pelo amor.
Lucidez? Tento tê-la. Fidelidade aos meus princípios? Tento mantê-la. Por vezes é difícil e mais vale abdicarmos de certos valores, mas pelo menos conseguirmos continuar a viver a insanidade que esta sociedade, ou vida, nos obriga.
"Pensamentos Soltos" Maria Madalena
quinta-feira, 4 de dezembro de 2008
Anúncio de Jornal
Que pendurou os astros no céu,
Que colocou, os rios, os mares
E todas as coisas visiveis e invisiveis sobre a Terra,
Me deu também a vida,
Deu-me algo que não pedi,
Que não queria,
Que não quero.
Os anos acumularam-se
Sobre os ombros,
Como o pó nas prateleiras
E eu aqui continuo.
Hei, será que há por aí alguém
Que queira trocar comigo?
Vou pôr um anúncio no jornal:
“Troca-se vida já usada,
Com 42 anos de rodagem,
Mas em muito bom estado,
Por morte rápida e indolor.”
24 de Fevereiro de 2008
Apelo à Poesia
Nas idéias mais simples,
Soneto de amor
Nem expressões, nem alma... Abre-me o seio,
Deixa cair as pálpebras pesadas,
E entre os seios me apertes sem receio.
Na tua boca sob a minha, ao meio,
Nossas línguas se busquem, desvairadas...
E que os meus flancos nus vibrem no enleio
Das tuas pernas ágeis e delgadas.
E em duas bocas uma língua..., - unidos,
Nós trocaremos beijos e gemidos,
Sentindo o nosso sangue misturar-se.
Depois... - abre os teus olhos, minha amada!
Enterra-os bem nos meus; não digas nada...
Deixa a Vida exprimir-se sem disfarce!
António Régio
Erótica
como um cortinado
sobre a erva fria
do campo orvalhado.
e eu (fauno em vertigem)
a rondar em torno
do teu corpo virgem,
sonolento e morno,
pensava no lasso
tombar do desejo;
em breve, o cansaço
do último beijo...
E no modo como
sentir menos fácil
o maduro pomo
do teu corpo grácil:
ou sem lhe tocar
de tanto o querer!
ficar a olhar,
até o esquecer,
ou como por entre
reflexos do lago,
roçar-lhe no ventre
luarento afago;
perpassando os meus
nos teus lábios húmidos,
meu peito nos teus
brancos
seios
túmidos...
Carlos Queirós
Entre os teus lábios
é que a loucura acode,
desce à garganta,
invade a água.
No teu peito
é que o pólen do fogo
se junta à nascente,
alastra na sombra.
Nos teus flancos
é que a fonte começa
a ser rio de abelhas,
rumor de tigre.
Da cintura aos joelhos
é que a areia queima,
o sol é secreto,
cego o silêncio.
Deita-te comigo.
Ilumina meus vidros.
Entre lábios e lábios
toda a música é minha.
terça-feira, 2 de dezembro de 2008
Porquê?
Porque motivo vivemos apontando os dedos uns aos outros em vez de darmos as mãos?
Porque motivo mais facilmente se aceita a indiferença e "desamor" do que o amor entre as pessoas?
Recuerda que cualquier momento
es bueno para comenzar
y que ninguno es tan terrible para claudicar.
No olvides
que la causa de Tu presente es Tu pasado
así como la causa de Tu futuro será
Tu presente.
Aprende de los audaces,
de los fuertes,
de quien no acepta situaciones,
de quien vivirá a pesar de todo,
piensa menos en tus problemas
y más en Tu trabajo
y tus problemas sin alimentarlos morirán.
Aprende a nacer desde el dolor
y a ser más grande
que el más grande de los
obstáculos.
Pablo Neruda
"Quien conoce a los hombres es inteligente.
Quien se conoce a sí mismo es iluminado.
Quien vence a los otros posee fuerza.
Quien se vence a sí mismo es aún mas fuerte.
Quien se conforma con lo que tiene es rico.
Quien obra con vigor posee voluntad.
Quien se mantiene donde encontró su hogar, perdura largamente.
Morir y no perecer, es la verdadera longevidad."
Lao Tsé
domingo, 30 de novembro de 2008
Para não dizerem que não falei de flores
"Caminhando e cantando e seguindo a canção
Somos todos iguais braços dados ou não
Nas escolas nas ruas, campos, construções
Caminhando e cantando e seguindo a canção
Vem, vamos embora, que esperar não é saber,
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer
Vem, vamos embora, que esperar não é saber,
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer
Pelos campos há fome em grandes plantações
Pelas ruas marchando indecisos cordões
Ainda fazem da flor seu mais forte refrão
E acreditam nas flores vencendo o canhão
Vem, vamos embora, que esperar não é saber,
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer
Há soldados armados, amados ou não
Quase todos perdidos de armas na mão
Nos quartéis lhes ensinam antigas lições
De morrer pela pátria e viver sem razão
Vem, vamos embora, que esperar não é saber,
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer
Vem, vamos embora, que esperar não é saber,
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer
Nas escolas, nas ruas, campos, construções
Somos todos soldados, armados ou não
Caminhando e cantando e seguindo a canção
Somos todos iguais braços dados ou não
Os amores na mente, as flores no chão
A certeza na frente, a história na mão
Caminhando e cantando e seguindo a canção
Aprendendo e ensinando uma nova lição
Vem, vamos embora, que esperar não é saber,
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer
Vem, vamos embora, que esperar não é saber,
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer."
Geraldo Vandré
Cecília Meireles
Timidez
Basta-me um pequeno gesto,
Feito de longe e de leve,
Para que venhas comigo
E eu para sempre te leve…
- Mas só esse eu não farei.
Uma palavra caída
Das montanhas dos instantes
Desmancha todos os mares
E une as terras mais distantes…
- Palavra que não direi.
Para que tu me adivinhes,
Entre os ventos taciturnos,
Apago meus pensamentos,
Ponho vestidos nocturnos,
- Que amargamente inventei.
E, enquanto não me descobres,
Os mundos vão navegando
Nos ares certos do tempo,
Até não se sabe quando… -
E um dia eu me acabarei.
Interlúdio
As palavras estão muito ditas
e o mundo muito pensado.
Fico ao teu lado.
Não me digas que há futuro
Nem passado.
Deixa o presente — claro muro s
Em coisas escritas.
Deixa o presente. Não fales,
Não me expliques o presente,
Pois é tudo demasiado.
Em águas de eternamente,
O cometa dos meus males a
Funda, desarvorado.
Fico ao teu lado.
Ninguém me venha dar vida
Ninguém me venha dar vida,
Que estou morrendo de amor,
Que estou feliz de morrer,
Que não tenho mal nem dor,
Que estou de sonho ferida,
Que não me quero curar,
Que estou deixando de ser
E não me quero encontrar,
Que estou dentro de um navio
Que sei que vai naufragar,
Já não falo e ainda sorrio,
Porque está perto de mim
O dono verde-mar que busquei
Desde o começo e estava apenas no fim.
Corações por que chorais?
Preparai meu arremesso para as algas e corais.
Fim ditoso, hora feliz:
Guardai meu amor sem preço
Que só quis a quem não quis.
Inscrição na Areia
O meu amor não tem
Importância nenhuma.
Não tem o peso nem
De uma rosa de espuma!
Desfolha-se por quem?
Para quem se perfuma?
O meu amor não tem
Importância nenhuma.
Canção do Sonho Acabado
Já tive a rosa do amor
- Rubra rosa, sem pudor.
Cobicei, cheirei, colhi.
Mas ela despetalou
E outra igual, nunca mais vi.
Já vivi mil aventuras,
Me embriaguei de alegria!
Mas os risos da ventura,
No limiar da loucura,
Se tornaram fantasia...
Já almejei felicidade,
Mãos dadas, fraternidade,
Um ideal sem fronteiras
- Utopia! Voou ligeira,
Nas asas da liberdade.
Desejei viver. Demais!
Segurar a juventude,
Prender o tempo na mão,
Plantar o lírio da paz!
Mas nem mesmo isto eu pude:
Tentei, porém nada fiz...
Muito, da vida, eu já quis.
Já quis... mas não quero mais...
Cecília Meireles