sábado, 6 de dezembro de 2008

O Menino está dormindo...

Já desabafei na mensagem anterior, aliviei a alma. Estamos em época de Natal, como todos dizem, Paz e Amor na Terra por entre os Homens, pena que seja preciso haver uma época para recordar o que deveria acontecer todos os dias do ano. O Puto pequeno, pela primeira vez pediu para fazer a árvore de Natal, comprámos o pinheiro, antigamente eu e o meu pai íamos apanhá-lo na mata, mas as matas desapareceram e deram origem a florestas de betão, por isso fomos apanhar o nosso ao Leroy Merlin, passe a publicidade. Pusemo-lo dentro de um vaso e enchemo-lo de fitas e bolas, vermelhas e amarelas, ficou com um aspecto Folk, mas o puto gostou, eu não ligo muito à árvore, para mim o que conta é o presépio, com ovelhas, pastores, e nem um galo para colocar em cima da cabana faltou, devia ser uma caverna, mas na falta desta uma cabana faz o mesmo efeito. Que é isso? Perguntou o puto, eu expliquei-lhe que era o menino Jesus, não pareceu muito interessado, afinal, na rua, no colégio, nas montras o que ele vê são árvores de Natal, por isso, para ele o Natal é feito de árvores coloridas, enfeitadas, iluminadas, e presentes muitos presentes, não de Menino Jesus. Também se eu lhe explicar que aquela criança ali representada numa pequena figura de barro, veio ao mundo para nos salvar, ele não entende, como há-de entender se eu própria não entendo. Será que há salvação para este mundo? Talvez um dia venham crianças iluminadas e inteligentes que tenham a função de construírem um mundo novo, porque este já não tem saída. Chamam-lhes as crianças Cristal e Índigo. Há-que ter esperança, não porque é Natal, mas porque sem esperança não podemos continuar, ou talvez possam alguns, eu não. Tão longe está o Natal de minha infância onde quem punha os presentes no sapatinho era o Menino Jesus, até o cheiro do pinheiro era diferente, o cheiro do ar, da brisa, das casas, cheirava a pinho, a filhós, a alegria. Hoje fala-se no pai Natal, uma invenção da Coca-Cola que pegou numa mistura de figuras míticas, para uns São Nicolau, para outros terá outro nome. Foi-se o Natal da minha infância, este é o que nos resta, é o que temos. Vou torná-lo meu, nunca igual ao que já foi. Mas o meu Menino Jesus está ali nas palhinhas deitado e para mim tem mais valor do que todo o brilho da árvore, das luzes, dos presentes, da hipocrisia "Da época de Paz e de Amor". Isso não existe, que o digam as crianças, os velhos, os sem abrigo, os pobres, que não têm casa, nem Natal, nem Paz e muito menos Amor.
"Pensamentos Soltos" Maria Madalena

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